Desde outubro de 1914, os ingleses vinham enfrentando os alemães na região da cidade belga de Ypres. Em 1915, durante a segunda batalha no local, os alemães utilizaram o gás de cloro pela primeira vez e obtiveram sucesso em forçar o recuo dos britânicos novamente para a cidade de Ypres. A cidade foi gradualmente destruída. O gás usado neste local era terrível, quando as nuvens coloridas se aproximavam gongos e matracas avisavam os combatentes das ameaças tóxicas e mortais.
Na investida com gases em 22 de abril de 1915, uma
névoa de um verde cinzento soprou até as linhas das tropas aliadas. Em pânico
milhares de soldados tentaram escapar, deixando armas e mochilas. Outros
milhares se arriscaram com máscaras improvisadas.
O ataque dos germânicos mostrou-se um sucesso como
guerra psicológica, os inimigos desertaram em massa deixando um grande número
de mortos em poucos minutos. Uma brecha de mais de seis quilômetros de
território livre foi deixada para o avanço alemão. Fritz Haber, era o chefe do
Serviço de Guerra Química Germânica, dirigiu pessoalmente a investida com o
cloro gasoso.
A cidade de Ypres era a única parte alta de um
terreno que se estendia em uma vasta planície, e se os britânicos pudessem
romper o bolsão da cidade e tomá-lo; poderiam virar-se para o Norte e expulsar
os alemães da costa belga, capturando os portos de Ostend e Zeebrugge. A posição
alemã na Bélgica estaria então flanqueada e o seu coração industrial, o Rhur,
estaria ameaçado.
Os ingleses decidiram realizar mais um ataque nesse
precioso local, mas a chuva era o maior inimigo para os britânicos que acabaram
adiando o ataque. Uma grande ofensiva aérea com centenas de aviões ingleses e
franceses garantiu aos
aliados a supremacia
no céu. O príncipe Rupprecht da
Baviera ficou responsável pela
defesa alemã no setor
de Ypres, era um
habilidoso comandante e
tinha sangue real
britânico do rei
inglês Jaime II. O ataque britânico seria apoiado por tropas francesas
comandadas pelo general François Paul
Anthoine.
Em julho de 1917 parou de chover em Ypres, o general
Sir Douglas Haig preparou o ataque para o dia 19 de julho. Os efeitos do
bombardeio de alto explosivo e gás mostarda alemães forçaram Haig a atrasar a
data da ofensiva. Depois do seu primeiro uso efetivo, na barragem de 26 de
julho, 1/6 dos homens do 5º Exército britânico, que estava concentrando para a
ofensiva, foram dados como baixa.
Os alemães tinham consciência da importância
estratégica de Flandres e por
causa disso, esta era
uma das partes
mais fortemente defendidas
de sua linha. No dia 27 de julho, os alemães
executaram uma retirada tática das suas linhas de frente, em direção à cadeia
montanhosa de Passchendaele. Este procedimento abriu uma zona potencial de
atoleiros no terreno baixo entre o seu novo front e as linhas de avanço
britânicas.
A Linha Hindenburg batizada em homenagem ao Chefe
Militar Alemão baseava-se em defesa de profundidade com três linhas, sendo a
última posicionada além do alcance das armas britânicas. Essas linhas possuíam
extensões de arame farpado, bunkers de concreto e ninhos de metralhadoras. As
concentrações de tropas e a artilharia britânica estavam sob a visão direta da
colina de Vimy Ridge. O fogo de artilharia alemão era utilizado com grande
efeito a fim de interromper os preparos de Haig para a batalha.
Os alemães haviam desenvolvido uma técnica muito
efetiva de contra-ataque caso fossem desalojados de suas posições. Eles
mantinham tropas descansadas na reserva, especificamente para os propósitos de
contra-ataque, e estas seriam capazes de assaltar seus exaustos inimigos.
A artilharia alemã também era superior à britânica,
tinha alcance maior e possuía melhores projéteis. Também possuíam uma arma
secreta, que consistia na dispersão de gás mostarda através de obuses. Este
líquido causava bolhas na pele, caso tocado ou simplesmente se o soldado
andasse pela zona de evaporação. O efeito deste gás nos olhos era devastador. A geografia e o clima foram acentuados pela
insistência de Haig no bombardeio preliminar das linhas alemãs. Muitos
projéteis não atingiram a distância necessária e transformaram um campo de
batalha em um local intransponível.
Ypres era o inferno na terra, um mar de lama negra
misturado com sangue e cadáveres. Os alemães usavam uma variada gama de
projéteis; alto explosivo, gás mostarda e lacrimogêneo, este servia para fazer
os artilheiros espirrarem e lacrimejarem tanto que não poderiam vestir suas
máscaras de gás, sucumbindo então aos efeitos de uma segunda bateria de gás
mostarda.
Sob as ordens do general Douglas Haig, a Terceira
Batalha de Ypres finalmente começou em 31 de julho de 1917, com o ataque nas
planícies do norte, mas foi mundialmente conhecida como a Batalha de
Passchendaele; pois ela tinha um único objetivo, a tomada da vila de
Passchendaele e os terrenos elevados a sua volta.
O general Arthur Currie, comandante das tropas
canadenses, também faria parte da ofensiva; algumas tropas eram apoiadas por
formações maciças de tanques e o ataque mostrou-se, bem sucedido. Quando tudo
caminhava para o golpe final contra os alemães, às quatro da tarde a chuva se
iniciou, caiu dez vezes mais chuva do que o esperado; infelizmente, as tropas
do flanco direito foram bloqueadas.
O tempo permaneceu chuvoso por dias e as inundações
tornaram o terreno impossível à operação de tanques. Embora Haig tenha proposto
uma batalha curta, a fim de penetrar as linhas alemãs, isso se mostrou
impossível, mas ele ainda insistiu em continuar a batalha ao Norte.
O general Gough, escolhido por Haig advertiu que
seria mais prudente cessar a batalha; mas a teimosia do Comandante decidiu que
ela continuaria por mais três semanas, até 26 de agosto, mesmo com as terríveis
baixas. Haig parecia não se preocupar muito com o número elevado de perdas,
para ele não passava de números; seu objetivo era vencer custasse o que fosse.
Ele alterou seu Estado-Maior, substituiu o general Hubert Gough pelo general
Herbert Plumer, que foi designado para a próxima ofensiva.
Plumer usaria avanços em pequena escala, sob a
proteção de potentes barragens, que impediriam os contra-ataques alemães. Essa
estratégia levaria a uma grande concentração de força, o que facilitaria a
troca de homens cansados e a distribuição de alimentos e munições. O tempo
estava bom, nem sinal de chuva, na madrugada daquele dia, depois de um
bombardeio de cinco dias, os Anzacs conseguiram realizar um ataque bem
sucedido.
Os australianos alcançaram a parte baixa, a Floresta
Poligonal, tal feito custou às tropas cinco mil baixas. O terreno capturado foi
consolidado e apoiado por uma linha, e estradas vicinais foram rapidamente
abertas; a fim de possibilitar a rápida chegada de suprimentos ao novo front.
Em 26 de setembro o tempo ainda estava bom e o chão
havia secado. A 4ª Divisão Australiana tomou então o restante da área da
Floresta Poligonal. Eles haviam alcançado uma posição que os permitiria golpear
o barranco principal da colina de Broodseinde. A Batalha de Broodseinde
aconteceu na madrugada de 3 de outubro.
As tropas australianas foram bombardeadas com
morteiros pesados nas suas trincheiras e, conforme atingiam o topo, foram
surpreendidas por tropas alemãs que avançavam sob a cobertura do fogo de
barragem. Por coincidência as tropas inimigas haviam lançado um assalto ao
mesmo tempo. Os alemães foram rechaçados pela carga de baioneta calada dos
australianos; entretanto as metralhadoras alemãs causavam crescentes baixas e retiveram
parte do ataque.
Depois da carga australiana, os alemães retiraram-se
para suas trincheiras onde, junto às suas reservas foram golpeados pelo forte
bombardeio inglês. A barragem de artilharia direcionava-se profundamente nas
linhas alemãs, e depois se voltava para a posição australiana, que sob
cobertura, avançou posteriormente e capturou a colina de Broodseinde em 4 de
outubro. Tendo os australianos alcançado o topo da ravina, possibilitou-os ver
as linhas de retaguarda germânicas bem defronte, o único obstáculo a sua
vitória era a Vila de Passchendaele, que estava em poder dos alemães.
Recomeçou a chover em 5 de outubro. Haig, animado
pelas três vitórias, ignorou a chuva e decidiu fazer mais uma tentativa de
quebrar as linhas alemãs na cadeia montanhosa de Passchaendale; advertindo a
cavalaria para que esta estivesse pronta para seguir a investida e iniciar a
perseguição. Ele ordenou aos Anzacs a tomada de Passchendaele em 9 de outubro,
mesmo com o aumento da chuva. Suas razões para prosseguir eram permitir às suas
tropas passar o inverno em Passchaendale, sem que os alemães os pudessem
alvejar e em condições mais secas.
Os australianos atacaram e, na Floresta Augusto, o
capitão Clarence Jeffreis organizou um grupo e assaltou umas das casamatas,
capturando quatro metralhadoras e fazendo 35 prisioneiros. Ele ainda liderou
outra carga, na próxima fortificação, mas foi morto por fogo de metralhadora;
todos os oficiais em seu batalhão foram mortos ou feridos naquele dia. Por
causa da bravura do capitão Jeffreis, 20 homens alcançaram os destroços da
igreja de Passchendaele. Infelizmente os britânicos à sua direita não
conseguiram apoiá-los e os australianos foram forçados a se retirar, por todo o
caminho percorrido, até o lamaçal da sua linha de frente original.
Neste momento sua artilharia já estava quase sem
munição e seus projéteis, ao serem disparados, se afundavam na lama, causando
pouquíssimo impacto ao inimigo. Ainda assim Haig insistiu na batalha, mesmo com
a chuva e o frio que chegou em 12 de outubro. A loucura de Haig ordenou ainda
outro assalto, com os homens esforçando-se por avançar com lama nas alturas de
seus quadris e seus rifles emperrados. Este ataque custou às forças aliadas
7.000 baixas; somente a 3ª Divisão Australiana perdeu 3.200 homens nas
primeiras 24 horas da ofensiva.
Os exaustos australianos recuaram, mas Haig estava
obcecado pela captura da Vila de Passchendaele e ordenou aos canadenses que
assumissem a batalha. Entretanto o general Elliot, recusou-se a mover as tropas
enquanto o tempo não melhorasse e suprimentos adequados não estivessem à
disposição.
No dia 23 de outubro a infantaria francesa atacou o
Fort de
La Malmaison, situado no Chemin Des
Dames, região do rio
Aisne, o ataque foi
um sucesso se
transformando numa grande
vitória francesa. Em Passchendaele os britânicos tiveram que esperar
o tempo
melhorar para um
ataque final. Somente no dia 12
de novembro, os canadenses conseguiram tomar Passchendaele, ou o que restou da
vila.
Fotografias aéreas foram tiradas depois da batalha;
milhões de buracos de projéteis podiam ser vistos na cidade. Mesmo alcançando o objetivo, ele foi inútil
em termos do plano original. O ataque pelo mar em Nieuport foi abandonado e não
havia esperanças de avançar contra os portos alemães do Canal da Mancha, que
foram posteriormente bloqueados pelo almirantado através do afundamento de
navios em Zeebrugge.
O general Douglas Haig não conseguiu capturar as
bases de submarinos alemães na costa belga. Em seus três meses, Passchendaele
custou mais de meio milhão de vidas, aproximadamente 250.000 mil alemães e 300
mil britânicos; dos quais 36.500 eram australianos. Noventa mil corpos ingleses
e australianos nunca foram identificados, 42.000 jamais foram recuperados,
estes foram explodidos em pedaços ou submersos na lama.
Muitos dos afogados eram homens exaustos ou feridos
que desmaiavam ou caíam das tábuas (colocadas para a travessia pelos mares de
lama) e não conseguiam mais escapar da massa malcheirosa; afundando para a
morte enquanto lutavam para sobreviver. Durante os anos de batalhas em Ypres,
41 mil voluntários alemães perderam a vida dos quais 25 mil eram estudantes.
Após a vitória em Passchendaele, Sir Douglas Haig
foi promovido a marechal. Passchendaele é a extraordinária bravura dos
combatentes que tentaram o que era impossível, através de esforços extremos
conseguiram cumprir com seus objetivos. Mesmo que seus esforços possam ser
considerados inúteis pelos desmandos do Alto Comando, eles nunca poderão ser
minimizados ou esquecidos. Jamais...
Marechal Douglas Haig
Cartaz do filme Passchendaele

General Arthur Currie
Marechal Haig - Comandante da Fora Expedicionária Britânica
Filme Passchaendaele
General Hubert Gough
Homenagem aos soldados de Passchendaelle
General François Paul Anthoine.
Anzacs
Foto da batalha de Passchaendaele
General Herbert Plummer
Dr. Fritz Haber
Cartazes da batalha de Passchendaele
Cenas do filme Passchendaele


Capitão Clarence Jeffreis
Príncipe Ruprechtt da Baviera
Filme completo Passchendaele
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