Trecho do romance A Última Poesia - Do Orgulho Nasce a Guerra de Max Wagner
Antes da 1ª Guerra Mundial começar começar, mesmo contra tudo e contra todos,
o czar Nicolau II juntou-se com franceses e ingleses na Tríplice-Entente
trazendo problemas ainda maiores do que a Rússia já enfrentava. Nas batalhas de
Tannemberg e Gumbinnem, o Exército russo perdeu dois regimentos inteiros - 250
mil mortos. Entretanto o Czar não se dava por satisfeito, mandando mais tropas
para o front, sem conseguir enxergar a grande fome e o turbilhão de desgraças
que o país enfrentava.
Nicolau havia virado fantoche nas mãos de sua esposa,
Alexandra Feodorovna (uma princesa de origem alemã) e do mago e hipnotizador
Gregory Rasputin, era um de seus conselheiros que havia curado seu filho de uma
doença mortal. Alguns diziam que a Czarina e Rasputin eram amantes.
O excesso de timidez do Czar era comprovado quando ele
obedecia cegamente a vontade da amada esposa e do mago Rasputin. O poder de
Alexandra sobre o marido foi comprovado quando Nicolau deixou a Rússia sob seus
desmandos para comandar pessoalmente as tropas russas no front em 1915.
A revolta popular atingiu o estopim para uma guerra civil.
Ainda em 1916, Nicolau foi alertado por nobres fiéis sobre o que o comunismo
poderia fazer; enquanto o Czar perdia uma batalha após a outra, camponeses e
operários se organizavam para tomar o poder, mas Nicolau ignorava o povo.
O príncipe russo Felix Yusupov era primo da Czarina e fora
humilhado por Rasputin, queria lavar a honra da família, o mago vivia bêbado
fazendo orgias e dizendo besteiras. Descontentes com sua forte influência, a nobreza
russa passou então a conspirar pela morte do monge louco. Ele era acusado de
ser um espião a serviço da Alemanha. Escapou de várias tentativas de
aniquilamento.
O Grão-Duque Dmitri Pavlovich e o príncipe Yusupov levaram
Rasputin até uma adega, onde serviram bolos e vinho tinto misturado com uma
enorme quantidade de cianeto. Havia veneno suficiente para matar cinco homens;
porém sua úlcera crônica fez com que ele expelisse todo o veneno. Mas Depois
foi fuzilado por Yusupov e por Pavlovich, levando vários tiros. Tendo ainda
sobrevivido; foi castrado e teve sua genitália cortada e enfiada na boca. Finalmente jogado inconsciente no congelado rio Neva é que
Rasputin morreu, não pelo veneno, nem pelos tiros ou espancamentos, mas
afogado. Três dias depois o corpo de Rasputin foi encontrado, a causa da morte
foi afogamento.
Em 1917, Lênin -
líder dos bolcheviques estava fora do país quando a Revolução de Fevereiro
explodiu, ele precisava voltar, mas as fronteiras estavam vigiadas pelos
Aliados. Os alemães tinham interesse na queda do Czar para colocar a Rússia
fora da guerra, por esse motivo ajudaram Lênin e o introduziram via-trem em
território russo. Estava então lançada a principal arma do comunismo.
A ofensiva do general Brusilov havia desarticulado os austríacos, mas os alemães rechaçaram os
russos e venceram em Riga. A derrota em Riga foi o ponto final e o Czar acabou
atacado pelo seu próprio país, tendo que abdicar do trono e junto com a família
exilar-se na Sibéria.
A ordem geral número 1, emitida pelo Soviete de Petrogrado,
deu aos soldados direitos que eles nunca tinham tido e permitiu eleição de
comitês de soldados para a proteção desses direitos. Motins e deserções em
massa tornaram-se ocorrências diárias, assim como linchamentos de oficiais. Unidades
inteiras deixaram as trincheiras, aqueles que permaneceram se recusavam a
lutar.
O general Brusilov teve menos problemas com suas tropas do
que a maior parte dos oficiais, e não houve linchamentos em suas unidades
durante as primeiras mudanças radicais, principalmente devido a sua
popularidade e imediata aceitação da revolução. Ele rapidamente cooperou com os
comitês de soldados.
Alexander Kerensky, então ministro da justiça no Governo
Provisório, visitou a Frente do Sudoeste com Brusilov, tentando restaurar a
ordem. Kerensky ficou tão impressionado com Brusilov, que planejou uma segunda
ofensiva de Brusilov para o verão de 1917. Mas as deserções refletiam a
verdadeira disposição do exército.
Ainda assim, chamando a operação planejada como uma ofensiva
revolucionária, Kerensky ordenou que cerca de setenta divisões no sul atacassem
a Áustria; como tinham feito no ano anterior, com ênfase em um avanço em
direção a Lemberg. As preparações para a ofensiva foram as melhores da guerra.
Havia material de guerra em abundância. O exército chegava a ter 120 aviões de
observação e artilharia, pilotados principalmente por aviadores franceses e
ingleses. Duzentos mil soldados foram escolhidos das melhores unidades e
organizados em uma força de combate.
Ao contrário do ataque de Brusilov em 1916, não houve
segredo, e os alemães transferiram quatro divisões da Frente Ocidental para o
Oriente. A segunda ofensiva de Brusilov começou bem, pois o Exército austríaco
não estava em melhor situação que o russo; as unidades austríacas,
especialmente as eslavas - se rendiam sem lutar, e outras fugiam ao menor sinal
de avanço russo. Entretanto, a chegada de tropas alemãs deu força aos
austríacos.
No meio das derrotas, Kerensky demitiu Brusilov do comando
em chefe do exército em 31 de julho, substituindo-o pelo general Lavr Kornilov.
A maior parte do exército já não acreditava mais na Rússia e desertou em massas
incalculáveis, ocupando as propriedades rurais na Rússia, promovendo a reforma
agrária. Os alemães começaram a marchar Rússia adentro.
O general Kornilov, contrário ao novo governo, decidiu dar
um golpe de Estado, reuniu as tropas do Báltico para destituir o governo
provisório. Kornilov quase derrubou o governo, mas o golpe acabou fracassando,
não teve apoio necessário.
Em 25 de outubro de 1917 estourou a Guerra Civil Russa. Sob
a liderança de Lênin, os comunistas tomaram o poder na Revolução de Outubro. Sob as ordens de Lênin, o czar Nicolau acabou sendo fuzilado
com a família e os empregados. Por causa dos detalhes nas roupas das filhas de
Nicolau, os projéteis ricochetearam impedindo a morte delas; mas os socialistas
terminaram o serviço com baionetas. Para eliminar qualquer prova de execução,
todos tiveram seus corpos esquartejados e queimados com ácido, inclusive o filho
amado e doente de Nicolau. O que restou do Czar foi enterrado em uma vala comum
na floresta siberiana, era o fim do czarismo russo.
A Alemanha vivia dias de vitórias, a Revolução de Outubro
(Revolução Bolchevique), havia inaugurado o socialismo na Rússia. O Front
Oriental estava nas mãos dos alemães, e a vitória só parecia ser uma questão de
tempo. Em dezembro finalmente a Rússia assinou o armistício com a Alemanha no
acordo da cidade de Brest-Litovsk.
A Alemanha agora tinha tudo para vencer a guerra. Os
americanos já estavam em solo francês, mas os alemães acreditavam que só
faltava vencer o que restava dos franceses e ingleses. O Império Alemão tinha
grandes chances de vitória, principalmente por que o general Pershing
enfrentava muitos problemas internos para treinar e colocar seus soldados
contra os germânicos.
Lênin
Família Real Russa
Kerensky
Rasputin
Josef Stálin
Trótsky
General Kornilov
Lênin
Stálin e Lênin
General Brusilov
Czar Nicolau II
Lênin discursa aos russos
Imagens da Revolução de 1917
Tratado de Brest-Litovsky
Livros sobre a Revolução Russa
Considerada a obra que inaugura a grande reportagem no jornalismo moderno, Dez dias que abalaram o mundo narra os acontecimentos chave em Petrogrado, no auge da Revolução Russa. O autor, Reed, conviveu, e entrevistou Lênin e Trótski.
Considerado o texto político mais influente já escrito, o Manifesto Comunista de Marx & Engels permanece um ponto de referência para quem tenta compreender as transformações forjadas pelo capitalismo. Escrito em 1848 pelos filósofos e pensadores alemães, forneceu a base para a doutrina criada por Lênin para seu próprio manifesto: as Teses de Abril, e o subsequente desenvolvimento do comunismo.
Durante o conturbado ano de 1917, a insurreição de outubro ganhou o apoio dos camponeses e soldados, primordial para permanecer viva. Na sequência, outros decretos ampliariam ainda mais as bases sociais da revolução que nascia. Esses e outros documentos históricos foram reunidos sob a organização de Daniel Aarão Reis.
Service inicia sua análise crítica com Karl Marx e Vladimir Lênin, passando por Mao Tsé-tung, Fidel Castro e vários outros protagonistas de acontecimentos decisivos da história do comunismo mundial. Sem se restringir apenas a discorrer sobre a política, Service apresenta também as condições sociais que levaram milhões de pessoas a apoiar o comunismo em muitos países.
Biografia cruzada do czar Nicolau II e de sua esposa Alexandra de Hesse, os últimos soberanos da dinastia Romanov, que governou a Rússia durante três séculos. Massie, ganhador do Prêmio Pulitzer, narra os fatos e circunstâncias determinantes para a derrocada do último grande império do mundo.
Os dez ensaios - criativos, instigantes e polêmicos - reunidos neste livro não constituem um volume de ocasião, celebratório do centenário da mais relevante revolução do século XX. '100 anos depois: a Revolução Russa de 1917 não é uma tradicional coletânea em que doutos professores, encastelados na academia, louvam ou demonizam um evento extraordinário. Este livro não serve à louvação fácil nem à demonização interessada. É um notável esforço de compreensão: aqui, toma-se a revolução bolchevique como objeto de análise teórico-crítica. Daí a sua riqueza temática: desconstrói-se a satanização que a historiografia oficial promoveu sobre ela, desvela-se a sua efetiva contextualidade, enfrentam-se questões candentes (da consciência de classe, da economia política, do direito, da cultura) e não se elude o problema da sua degeneração. Neste livro, vê-se no Outubro de 1917 o laboratório emancipador que deve ser explorado crítica e prospectivamente - o rigor dos autores procura a verdade do passado para esclarecer e transformar o presente, com vistas ao futuro. (texto da 4ª. capa por José Paulo Netto).
"A passagem da Rússia tsarista para a sociedade soviética constitui um dos processos mais singulares e apaixonantes da história recente. Trata-se de um conjunto de eventos cujos desdobramentos seriam determinantes para a organização da estrutura global de poderes no século XXI, com grande impacto também na história das ideias.
O general do Exército soviético Dmitri Volkogonov teve total acesso aos arquivos do Partido Comunista da União Soviética e reuniu dados para narrar de maneira brilhante a história do homem que, por trinta anos, controlou milhares de pessoas da União Soviética. O box contém dois volumes: o primeiro abrange o período que vai da revolução que derrubou um regime secular em plena Primeira Guerra Mundial até a imposição da mão de ferro stalinista sobre a URSS. No segundo acompanhamos o relato da turbulenta trajetória do ditador russo desde o momento em que rompe o pacto de não agressão com a Alemanha nazista até sua morte. Mais do que uma biografia, esta obra é o documento definitivo sobre o homem, o tempo e a tragédia.
Mesmo que os imperialistas destruam o poder bolchevique
amanhã, não lamentaremos ter tomado o poder nem por um segundo. Em caso de derrota,
mesmo assim, teremos servido à causa da revolução e o nosso experimento ajudará
outras revoluções". Assim falou Lenin num Congresso de Professores em
1919. A um tempo vitória e derrota da perspectiva comunista, a revolução russa
mantém hoje a sua atualidade pelo fato de que a sua luta ainda é, sob novas
formas, a nossa luta: a ampliação do domínio do capital em termos extensivos e
intensivos como nexo social apenas repõe, cada vez mais urgentemente, a
necessidade de sua superação. As possibilidades e obstáculos para a criação da
sociedade comunista no contexto russo, os erros e acertos dos revolucionários
soviéticos, eis o que é preciso compreender e dar conta, se pretendemos avançar
de fato para o socialismo. Todo poder aos sovietes! A revolução russa 100 anos
depois reúne escritos de autores diversos que mantêm em comum o horizonte: a
finalidade última de alcançar a liberdade. Pensada no sentido marxiano de
emancipação das relações sociais alienadas e reabsorção pela sociedade de suas
próprias forças, a perspectiva da liberdade orienta as pesquisas dos autores
que contribuem nesta publicação, visando o desenvolvimento de um contexto que
supera a oposição entre indivíduo e sociedade, de modo que os indivíduos se
potencializem mutuamente. Este é o sentido geral das análises desta que foi a
maior experiência revolucionária da humanidade e o espírito que o lema
"Todo poder aos sovietes!" sintetiza. A distância histórica não foi
capaz de anular sua atualidade. A sua finalidade ainda é a nossa.
Filmes sobre a Revolução Russa
O Almirante (russo: Адмиралъ Admiral ) é um filme sobre
Alexander Kolchak , vice-almirante da Marinha Imperial da Rússia e líder do
Movimento Branco anticomunista durante a Guerra Civil Russa. O filme também
retrata o triângulo amoroso entre o Almirante, sua esposa e a poeta Anna
Timiryova. De acordo com o diretor Andrei Kravchuk "O filme é sobre um homem que tenta criar história, para participar ativamente da
história, como ele é apanhado na turbulência. No entanto, ele continua lutando,
ele preserva sua honra e sua dignidade, e ele continua a amar."
Reds é um filme estadunidense de 1981, um drama biográfico
dirigido por Warren Beatty e baseado na vida de John Reed, um jornalista e
escritor socialista norte-americano que retratou a Revolução Russa em seu livro
Dez Dias que Abalaram o Mundo.
Filme O Encouraçado Potemkin. Em 1905, na Rússia czarista, aconteceu um levante que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada com o médico de bordo insistindo que ela era perfeitamente comestível. Alguns marinheiros se recusam em comer esta carne, então os oficiais do navio ordenam a execução deles. A tensão aumenta e, gradativamente, a situação sai cada vez mais do controle. Logo depois dos gatilhos serem apertados Vakulinchuk (Aleksandr Antonov), um marinheiro, grita para os soldados e pede para eles pensarem e decidirem se estão com os oficiais ou com os marinheiros. Os soldados hesitam e então abaixam suas armas. Louco de ódio, um oficial tenta agarrar um dos rifles e provoca uma revolta no navio, na qual o marinheiro é morto. Mas isto seria apenas o início de uma grande tragédia.
Filme Anastácia com Ingrid Bergman. Paris, 1926. O General Bounine, a serviço dos nobres
expulsos da Rússia pela Revolução de 1917, está à procura de Anastácia, filha
do Czar Nicolau II, a única pessoa que pode liberar milhões de libras
bloqueadas pelos bancos suíços.
Ele descobre uma mulher que perdeu a sua memória e que tem
uma aparência muito parecida com Anastácia. Educa-a, para poder representar o
papel de grã-duquesa, pois já não espera encontrar a verdadeira. Mas a moça se
sai melhor do que o esperado e a dúvida aparece: será mesmo ela uma impostora?
Outubro (em russo: Октябрь) é um filme soviético de 1928
mudo dirigido por Sergei Eisenstein e Grigori Aleksandrov. É uma celebração
dramática da revolução de outubro de 1917 para festejar os dez anos do evento.
Originalmente lançado como Outubro na União Soviética, o filme foi reeditado e
lançado internacionalmente como Dez dias que abalaram o mundo, depois do livro
de John Reed sobre a revolução.
Filme espetacular com Omar Sharif e Julie Cristhie, baseado na obra de Bóris Pasternak. A Revolução Russa de 1917 serve de cenário para a história
de amor entre Yuri Jivago, um jovem médico aristocrata e Lara Antipova, uma
enfermeira plebeia. Lara é filha de uma costureira russa que, viúva, apenas
consegue sustentar a casa em que ambas moram graças ao dinheiro que lhe é dado
periodicamente por Victor Komarovsky, um importante e inescrupuloso expoente da
sociedade local.
Apesar de Victor e a viúva manterem um relacionamento
"secreto", o homem se encanta pela beleza da doce Lara, que contava
com apenas 17 anos quando ambos se beijaram pela primeira vez na volta de uma
festa. Apesar da relação vexatória mantida entre Lara e Victor,
Pascha Strelnikoff, jovem romântico e revolucionário, apaixona-se pela menina e
começa a namorá-la.
Enquanto a relação de Lara e Victor mostra-se destrutiva (a
mãe de Lara, ao descobrir o relacionamento, tenta se matar), o namoro de Pascha
e a moça se mostra uma saída sensata para ela dessa confusão, pois o moço a
pede em casamento e ela aceita.
Ao saber do pedido, Victor discute com Lara e a violenta,
chamando-a em seguida de "vagabunda". Lara descontrola-se e invade
uma festa de Natal na alta sociedade russa para tentar matar, sem sucesso, o ex
amante. Jivago, que já havia visto Lara ao salvar sua mãe do
suicídio, estava presente na festa com sua noiva, Tonya, e fica surpreso com a
atitude e coragem da jovem. Apesar da impressão deixada, eles se encontram anos
mais tarde, ao trabalharem como médico e enfermeira, respectivamente, no
socorro aos feridos dos combates durante a Revolução Bolchevique (1917).
A esta altura, Jivago está casado e tem um filho com Tonya,
enquanto Lara procura seu marido Pascha, que permanecia em missões no interior
do país, visando destruir o regime czarista. Por passarem seis meses juntos em
uma situação tão adversa, a aproximação dos dois é inevitável. Para fugir da revolução, e vendo seus pertences sendo
tomados pelos bolcheviques, Jivago e família decidem refugiar-se no interior da
Russia, levando sua esposa, filho e sogro para a casa de campo.
Contexto Histórico da Revolução Russa por Max Wagner
A Revolução Russa de 1917 foi um período de conflitos,
iniciado em 1917, que derrubou a autocracia russa e levou ao poder o Partido
Bolchevique, de Vladimir Lênin. Recém-industrializada e sofrendo com a Primeira
Guerra Mundial, a Rússia tinha uma grande massa de operários e camponeses
trabalhando muito e ganhando pouco. Além disso, o governo absolutista do czar
Nicolau II desagradava o povo que queria uma liderança menos opressiva e mais
democrática. A soma dos fatores levou a manifestações populares que fizeram o
monarca renunciar e, no fim do processo, deram origem à União Soviética, o
primeiro país socialista do mundo, que durou até 1991.
A Revolução compreendeu duas fases distintas: A Revolução de Fevereiro (março de 1917, pelo calendário
ocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II , o último Czar a
governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal.
A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário
ocidental), na qual o Partido Bolchevique, derrubou o Governo Provisório
apoiado pelos partidos socialistas moderados e impôs o governo socialista
soviético. Até 1917, o Império Russo foi uma monarquia absolutista. A monarquia era sustentada principalmente pela nobreza rural, dona da maioria
das terras cultiváveis. Das famílias dessa nobreza saíam os oficiais do
exército e os principais dirigentes da Igreja Ortodoxa Russa.
Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha a
maior população da Europa, com cerca de 171 milhões de habitantes em 1904.
Defrontava-se também com o maior problema social do continente: a extrema
pobreza da população em geral. Enquanto isso, as ideologias liberais e
socialistas penetravam no país, desenvolvendo uma consciência de revolta contra
os nobres. Entre 1860 e 1914, o número anual de estudantes universitários
cresceu de 5000 para 69000, e o número de jornais diários cresceu de 13 para
856.
A população do Império Russo era formada por povos de
diversas etnias, línguas e tradições culturais. Cerca de 80% desta população
era rural e 90% não sabiam ler e escrever, sendo submetida pelos senhores
feudais, em troca de proteção, ideia vigorada na concepção dos Três Estamentos,
as castas da sociedade: nobreza, clero e servos. Com a industrialização foi-se
estabelecendo progressivamente uma classe operária, que possuía aspirações para
melhorarem suas condições de vida, perspectiva esta aproveitada mais tarde
pelos bolcheviques. A situação de extrema pobreza em que vivia a população
tornou-se assim um campo fértil para o florescimento de ideias socialistas.
Nicolau II, o sucessor de Alexandre III, procurou facilitar
a entrada de capitais estrangeiros para promover a industrialização do país,
principalmente da França, Alemanha, Inglaterra e Bélgica. Esse processo de
industrialização ocorreu posteriormente ao da maioria dos países da Europa
Ocidental. O desenvolvimento capitalista russo foi ativado por medidas como
o início da exportação do petróleo, a implantação de estradas de ferro e da
indústria siderúrgica.
Os investimentos industriais foram concentrados em centros
urbanos populosos, como Moscovo, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas
cidades, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que
recebiam salários miseráveis e eram submetidas a jornadas de 12 a 16 horas
diárias de trabalho, não recebiam alimentação e trabalhavam em locais imundos,
sujeitos a doenças. Nessa dramática situação de exploração do operariado, as
ideias socialistas encontraram um campo fértil para o seu florescimento.
Com o desenvolvimento da industrialização e o maior
relacionamento com a Europa Ocidental, a Rússia recebeu do exterior novas
correntes políticas que chocavam com o antiquado absolutismo do governo russo.
Entre elas destacou-se a corrente inspirada no marxismo, que deu origem ao
Partido Operário Social-Democrata Russo.
O POSDR foi violentamente combatido pela Okhrana. Embora
tenha sido desarticulado dentro da Rússia em 1898, voltou a organizar-se no
exterior, tendo como líderes principais Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich
Ulyanov (conhecido como Lênin) e Lev Bronstein (conhecido como Trotsky). A divisão do Partido: Mencheviques e Bolcheviques Em 1903, divergências quanto à forma de ação levaram os
membros do partido POSDR a se dividir em dois grupos básicos: os mencheviques: oriundos da Segunda Internacional ou a Nova
internacional, oriundos do possibilismo, liderados por Martov, defendiam que os
trabalhadores podiam conquistar o poder participando normalmente das atividades
políticas. Acreditavam, ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimento
capitalista da Rússia e o desabrochar das suas contradições para se dar início
efetivo à ação revolucionária. Como esses membros tiveram menos votos em
relação ao outro grupo, ficaram conhecidos como mencheviques, que significa
"minoria".
os bolcheviques: oriundos da Primeira e Segunda
Internacional, oriundos do socialismo revolucionário e marxismo, liderados por
Lenin, defendiam que os trabalhadores somente chegariam ao poder pela luta
revolucionária. Pregavam a formação de uma ditadura do proletariado, na qual
também estivesse representada a classe camponesa. Como esse grupo obteve mais
adeptos, ficou conhecido como bolchevique, que significa "maioria".
Trotsky, que inicialmente não se filiou a nenhuma das facções, aderiu aos
bolcheviques mais tarde, em 1917.
Mesmo abatida pelos reflexos da derrota militar frente ao
Japão, a Rússia envolveu-se em outro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), em que também sofreu pesadas derrotas nos combates contra os
alemães. A longa duração da guerra provocou uma crise de abastecimento
alimentar nas cidades, desencadeando uma série de greves e revoltas
populares. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista
mostrava-se intensamente debilitado.
Em 15 de março de 1917, o conjunto de forças políticas de
oposição (liberais, burguesas e socialistas) depuseram o czar Nicolau II, dando
início à Revolução Russa. A primeira fase, conhecida como Revolução de Fevereiro,
ocorreu de março a novembro de 1917 e durou 1 semana.
Em 23 de Fevereiro, uma série de
reuniões e passeatas aconteceram em Petrogrado, por ocasião do Dia
Internacional das Mulheres. Nos dias que se seguiram, a agitação continuou a
aumentar, recebendo adesão das tropas encarregadas de manter a ordem pública,
que se recusavam a atacar os manifestantes.
No dia 27 de Fevereiro, um mar de soldados e
trabalhadores com trapos vermelhos em suas roupas invadiu o Palácio Tauride,
onde a Duma se reunia. Durante a tarde, formaram-se dois comitês provisórios em
salões diferentes do palácio. Um, formado por deputados moderados da Duma, se
tornaria o Governo Provisório. O outro era o Soviete de Petrogrado, formado por
trabalhadores, soldados e militantes socialistas de várias correntes.
Temendo uma repetição do Domingo Sangrento, o Grão-Duque
Mikhail ordenou que as tropas leais baseadas no Palácio de Inverno não se
opusessem à insurreição e se retirassem. Em 2 de Março, cercado por amotinados,
Nicolau II assinou sua abdicação.
Após a derrubada do czar, instalou-se o Governo Provisório,
comandado pelo príncipe Georgy Lvov, um latifundiário, e tendo Alexander
Kerenski como Ministro da Guerra. Era um governo de caráter liberal burguês,
comprometido com a manutenção da propriedade privada e interessado em manter a
participação russa na Primeira Guerra Mundial. Enquanto isso, o Soviete de
Petrogrado reivindicava para si a legitimidade para governar. Já em 1 de
Março, o Soviete ordenava ao exército que lhe obedecesse, em vez de obedecer ao
Governo Provisório. O Soviete queria dar terra aos camponeses, um exército com
disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, e o fim da guerra,
objetivos muito mais populares do que os almejados pelo Governo Provisório.
Com ajuda alemã, Lenin regressa à Rússia em abril,
pregando a formação de uma república dos sovietes, bem como a nacionalização
dos bancos e da propriedade privada. Seu principal lema era: todo o poder aos
sovietes.
Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo
continuava: a comida era escassa, a inflação alcançava a casa dos 1.000 %, as
tropas desertavam do fronte matando seus oficiais, propriedades da nobreza
latifundiária eram saqueadas e queimadas. Nas cidades, conselhos operários
foram criados na maioria das empresas e fábricas. A Rússia ainda continuava na
guerra.
O cruzador Aurora, navio que ajudou os bolcheviques a
conquistar São Petersburgo, na época. A segunda fase, conhecida como Revolução de Outubro, teve
início em novembro de 1917 e tinha como exigências a saída da guerra, o fim da
carestia e a reforma agrária, sendo que 200 mil pessoas participaram
dos protestos contra o czar que ainda tinha uma base de apoio.
Em sua passagem pela Alemanha, retornando de seu exílio na
Suíça, Lenin negociou com o governo alemão o recebimento de 40 milhões de
goldmarks para financiar sua revolta. A atuação de Aleksandr Parvus foi
decisiva para essa negociação - ele que, durante anos, buscou ajuda do Império
Alemão para financiar revoltas na Rússia. Nas Teses de Abril, Lenin
deixava claro seu desejo de tirar a Rússia da grande guerra, o que era vital
para os alemães. Financiando os bolcheviques, os alemães pretendiam
derrubar o governo provisório, o que forçaria a Rússia a retirar-se da guerra,
encerrando as atividades na frente Oriental permitindo ao Deutsches Heer
(exército imperial alemão) concentrar todas as suas forças na frente
Ocidental.
Na madrugada do dia 25 de outubro, os bolcheviques, liderados
por Lênin, Zinoviev e Radek, com a ajuda de elementos anarquistas e Socialistas
Revolucionários, cercaram a capital, onde estavam sediados o Governo Provisório
e o Soviete de Petrogrado. Muitos foram presos, mas Kerenski conseguiu
fugir. À tarde, numa sessão extraordinária, o Soviete de Petrogrado delegou
o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo, dominado pelos
bolcheviques e dissolveu a antiga assembleia constituinte. O Comitê
Executivo do mesmo Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão dessa assembleia e
convocou os sovietes e o exército a defender a Revolução contra o golpe
bolchevique. Entretanto, os bolcheviques predominaram na maior parte das
províncias de etnia russa. O mesmo não se deu em outras regiões, tais como a Finlândia,
a Polônia e a Ucrânia.
Era consenso entre todos os partidos políticos russos de que
seria necessária a criação de uma assembleia constituinte, e que apenas esta
teria autoridade para decidir sobre a forma de governo que surgiria após o fim
do absolutismo. As eleições para essa assembleia ocorreram em 12 de novembro de
1917, como planejado pelo Governo Provisório, e à exceção do Partido
Constitucional Democrata, que foi perseguido pelos bolcheviques, todos os
outros puderam participar livremente. Os socialistas revolucionários receberam
duas vezes mais votos do que os bolcheviques, e os partidos restantes receberam
muito poucos votos. Em 26 de dezembro, Lênin publicou suas Teses sobre a
assembleia constituinte, onde ele defendia os sovietes como uma forma de
democracia superior à assembleia constituinte. Até mesmo os membros do partido
bolchevique compreenderam que preparava-se o fechamento da assembleia
constituinte, e a maioria deles foram contra isto, mas o Comitê Central do
partido ordenou-lhes que acatassem a decisão de Lênin.
Na manhã de 5 de janeiro de 1918, uma imensa manifestação
pacífica a favor da assembleia constituinte foi dissolvida à bala por tropas
leais ao governo bolchevique. A assembleia constituinte, que se reuniu pela
primeira vez naquela tarde, foi dissolvida na madrugada do dia seguinte. Pouco
a pouco, se tornou claro que os bolcheviques pretendiam criar uma ditadura para
si, inclusive contra os partidos socialistas revolucionários. Isto levou os
outros partidos a atuarem na ilegalidade, sendo que alguns deles passariam à
resistência armada ao governo.
Durante este período, o governo bolchevique tomou uma série
de medidas de impacto, como: Pedido de paz imediata: em março de 1918 foi assinado, com a
Alemanha, o Tratado de Brest-Litovski, no qual a Rússia abriu mão do
controle sobre a Finlândia, Países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia),
Polônia, Bielorrússia e Ucrânia, bem como de alguns distritos turcos e
georgianos antes sob seu domínio. A saída da Rússia da Grande Guerra, era o
objetivo alemão ao financiar o movimento bolchevique. O II Reich pôde então
iniciar a ofensiva da Primavera na frente Ocidental e, esteve próximo de vencer
a I Guerra Mundial, o que só não foi possível devido a deficiências logísticas
e pela entrada dos EUA no conflito.
Confisco de propriedades privadas: grandes propriedades
foram tomadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa, para serem distribuídas
entre o povo. Declaração do direito nacional dos povos: o novo governo
comprometeu-se a acabar com a dominação exercida pelo governo russo sobre
regiões tais como a Finlândia, a Geórgia ou a Armênia. Estatização da economia: o novo governo passou a intervir
diretamente na vida econômica, nacionalizando diversas empresas.
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