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quinta-feira, 25 de junho de 2020

A GUERRA DE INVERNO - A UNIÃO SOVIÉTICA INVADE A FINLÂNDIA (1939/40)



Estamos comemorando os 80 anos da Guerra de Inverno, a famosa e desastrosa invasão da Finlândia pela União Soviética. Além do texto da postagem estou compartilhando também um podcast fantástico sobre o assunto com o meu amigo Vitor Hugo Crespo. Gravamos esse especial para o Frontcast, o seu podcast de história militar. Temos também dicas de filme e livros. 


                     PODCAST  EP. #11 - A GUERRA DE INVERNO 1939/40

As Causas da Invasão -  A região da Finlândia pertencia a Suécia, mas em 1809 o Império Russo invadiu a Suécia e se apossou de um vasto território na fronteira norte sueca, colocando o nome de Finlândia, mas que não passava de um Estado fantoche da Rússia para se proteger contra o seu inimigo sueco ao norte. Se aproveitando dos eventos da Primeira Guerra Mundial, em 1917 a Finlândia se declarou independente da Rússia. Em 1920 os comunistas soviéticos reconheceram e assinaram a independência da Finlândia, mas as relações sempre foram frias e distantes. Durante os anos 30 assinaram pactos de não agressão, mas Stálin ainda estava com seus olhos voltados para a Finlândia, e assim que tivesse oportunidade, pretendia corrigir um erro histórico como ele mesmo dizia e se apossaria novamente da região.  

O Prelúdio - Entretanto a Rússia voltou seus olhos primeiramente para a Polônia, eles tinham um pacto de não agressão com a Alemanha Nazista (Ribbentropp - Molotov) assinado em 23 de agosto de 1939 que na verdade não passava de uma trégua momentânea, visto que fascistas e comunistas se odiavam. Rússia e Alemanha invadiram a Polônia em setembro de 1939, enquanto os poloneses fugiam dos alemães foram cercados pelos Russos no Leste. A maioria dos oficiais foram presos e assassinados covardemente no Massacre de Katyn, calcula-se mais ou menos 22 mil oficiais massacrados na Floresta de Katyn e arredores a partir de 05 de março de 1940. Em 1943 os nazistas descobriram as valas, mas os russos atribuíram a culpa aos alemães. Somente em 2004 foi concluída a verdade sobre os fatos, e os atos foram condenados sob a responsabilidade de Stálin e seus oficiais em 2010. 

A União Soviética exigia que a Finlândia concordasse em mover a fronteira mais 25 km para além de Leningrado, que nesta altura estava apenas a 32 quilômetros da fronteira. E também exigiu que a Finlândia emprestasse a península de Hanko à União Soviética por 30 anos para a criação de uma base naval lá. Em troca, a União Soviética oferecia uma grande parte da Carélia (com o dobro da área, mas menos desenvolvida). Mas o governo finlandês recusou-se a seguir as exigências soviéticas. A 26 de novembro, os soviéticos simularam um bombardeamento finlandês contra Mainila, um incidente no qual a artilharia soviética bombardeou áreas perto da vila russa de Mainila, procedendo ao anúncio que um ataque de artilharia finlandesa tinha matado tropas soviéticas, uma verdadeira mentira e pretexto para invadir a Finlândia. A União Soviética exigiu que os finlandeses pedissem desculpas pelo incidente e movessem as suas forças 20 a 25 quilômetros da fronteira. Os finlandeses negaram qualquer responsabilidade pelo ataque e recusaram-se a seguir as indicações soviéticas. A União Soviética utilizou isto como uma desculpa para quebrar o pacto de não-agressão.

A Invasão - A 30 de novembro, as forças soviéticas atacaram com 23 divisões, totalizando 450.000 homens, que rapidamente alcançaram a Linha Mannerheim. A força soviética contava ainda com o apoio de 3 mil blindados e quase 4 mil aviões que foram concentrados ao longo da fronteira com a Finlândia. Inicialmente os finlandeses mobilizaram um exército de 180.000 homens; as tropas finlandesas mostraram ser adversários temíveis, empregando táticas de guerrilha, tropas de esqui de rápida movimentação com camuflagem branca, e que utilizavam os seus conhecimentos locais. Uma bomba improvisada adaptada da Guerra Civil Espanhola foi utilizada com grande sucesso, e ganhou fama com o nome de coquetel Molotov para ridicularizar o Ministro Soviético das Relações Exteriores. Ela foi aperfeiçoada e fabricada em grande escala numa fábrica finlandesa. 

As condições de inverno em 1939-1940 eram duras; as temperaturas de -40º não eram raras, e os finlandeses conseguiram utilizá-las para sua vantagem. Frequentemente, os finlandeses optavam por não atacar os soldados inimigos convencionalmente, mas em vez disso atacar as cozinhas de comida (que eram cruciais para a sobrevivência soviética) e matar tropas soviéticas que se aqueciam à volta de fogueiras, realizando ações de guerrilha, a famosa guerra esquisita. Durante a campanha os finlandeses engajaram 250 mil homens, mas apenas 32 blindados e 100 aviões. Stálin acreditava que seria uma vitória rápida e esmagadora, mas estava muito enganado. Até o final da Guerra de Inverno, Stálin seria obrigado a enviar mais de 750 mil soldados.

Além disso, para surpresa de ambos os líderes soviéticos e dos finlandeses, a maioria dos socialistas finlandeses não apoiavam a invasão soviética mas lutavam lado a lado com os seus compatriotas contra o inimigo comum. Muitos finlandeses comunistas mudaram-se para a União Soviética nos anos 1930 para construir o socialismo mas apenas para acabarem como vítimas do Grande Expurgo de Stálin, que conduziu à grande desilusão e até ódio contra o regime soviético por entre os socialistas na Finlândia. Outro fator foi o avanço da sociedade finlandesa e das leis após a guerra civil que ajudaram a diminuir as diferenças entre as diferentes classes da sociedade. Esta cura parcial das feridas do pós-guerra civil na Finlândia (1918), e do conflito da língua finlandesa, são ainda referidos como o espírito da Guerra de Inverno, embora deva ser referido que muitos comunistas não eram autorizados a lutar no exército finlandês por causa dos seus ideais políticos.

A Finlândia tinha uma força de 130 mil homens e 500 canhões no istmo da Carélia, o principal teatro da guerra, e os soviéticos atacaram com 200 mil homens e 900 canhões. Os soviéticos enviaram mil carros de combate para a frente, mas foram mal utilizados e sofreram grandes perdas. Os  soviéticos não estavam à espera de grande luta por parte dos finlandeses e começaram a invasão com bandas a marchar antecipando uma vitória rápida. Registros históricos contam que os soldados russos avançavam no início em direção às linhas finlandesas de braços dados, cantando hinos soviéticos. Devido aos expurgos de Stálin, os comandantes do Exército Vermelho tinham tido 80% das suas perdas durante o tempo de paz. Estes eram frequentemente substituídos por pessoas menos competentes mas "leais" aos seus superiores, desde que Stálin tinha supervisionado os seus comandantes com comissários ou oficiais políticos. Táticas que eram obsoletas já no tempo da Primeira Guerra Mundial eram empregues, com a obrigação de serem seguidas ao detalhe. Muitas tropas soviéticas foram simplesmente perdidas devido ao seu comandante se recusar a retirar ou estar impedido de o fazer, pelos seus superiores.

O Desenvolvimento da Guerra de Inverno - O exército soviético estava mal preparado para a guerra durante o inverno, particularmente em florestas, e utilizava veículos motorizados extremamente vulneráveis. Estes veículos eram mantidos a trabalhar 24 horas por dia de modo ao seu combustível não congelar, mas continuaram a haver registos de motores a quebrar e de falta de combustível. Uma das perdas mais marcantes na história militar é o tão chamado Incidente de Raatteentie, durante a Batalha de Suomussalmi. A 44.ª Divisão de Infantaria Soviética (de 25 mil soldados) foi completamente destruída após marchar numa rua estreita de uma floresta até a uma armadilha da unidade finlandesa Osasto Kontula (de 300 homens). Esta pequena unidade parou o avanço da Divisão Soviética, enquanto o coronel finlandês Siilasvuo e a sua 9.ª Divisão (de 6 mil homens) cortou a rota de retirada soviética, dividindo a força inimiga em unidades menores, destruindo unidade por unidade. Em adição, as tropas finlandesas tomaram 43 carros de combate, 71 canhões de artilharia e de defesa antiaérea, 29 canhões anticarro, VBTPs, tratores, 260 caminhões, 1170 cavalos, armas de infantaria, munição, material de comunicações, medicamentos e botas de inverno.

A falta de equipamento finlandês também era um problema. No início da guerra, apenas os soldados que tinham recebido treino básico tinham uniformes e armas. O resto dos soldados tinha de fazer a sua própria roupa e uma insígnia semelhante era depois adicionada. Estes uniformes recebiam a alcunha de Modelo Cajander, segundo nome do primeiro-ministro Aimo Cajander. Os finlandeses aliviavam a sua falta de equipamento fazendo uma utilização intensiva de equipamento, armas e munições capturadas do inimigo. Por sorte, o exército não tinha alterado o calibre das suas armas após a independência e conseguia assim utilizar a munição soviética. Ironicamente, o envio de soldados mal treinados conduziu as tropas soviéticas diretamente para as mãos dos finlandeses, permitindo a ampla oportunidade mais tarde de capturar o equipamento.

A guerra aérea durante a Guerra de Inverno - A guerra aérea viu a formação inovadora finlandesa, "quatro dedos", de combate aéreo (quatro aviões, divididos em duas unidades de dois aviões, uma unidade a voar a baixa e a outra a alta altitude, cada avião combatia independentemente dos outros mas apoiava o seu colega-de-asa em combate) esta não era apenas superior à tática russa de três caças em formação delta, mas como também foi mais tarde adaptada pelas maiores potências combatentes durante a Segunda Guerra Mundial, sendo  atualmente ainda utilizada. Esta formação "quatro dedos" contribuiu para a incapacidade dos bombardeiros russos infligirem danos sequenciais contra posições finlandesas, cidades e reservas.

Simo Hayaa -  O maior atirador de elite de todos os tempos (Sniper) 505 mortes confirmadas. Desde criança aprendeu a caçar para sobreviver, depois ganhou várias competições de tiros, mais tarde entraria para o exército finlandês. Destacando-se sempre como grande atirador. Na época da invasão Simo era fazendeiro e caçador e foi imediatamente convocado para o serviço ativo na frente de combate. Usava um fuzil soviético, o Mosin Nagan - modelo 28-30. Não usava mira telescópica por que o obrigava levantar e expor-se muito. Também evitava os clarões do sol que poderiam refletir na mira acusando a sua posição. Era dessa maneira que ele caçava e matava os snipers soviéticos. Ele tinha apenas 1,52 de altura e isso era uma vantagem na camuflagem. Mantinha sempre que possível neve na boca para que o vapor não denunciasse a sua posição. Vestia-se completamente de branco, inclusive o rosto para se confundir com a neve, logo os soviéticos o apelidaram de morte branca. 

O Exército Vermelho fez de tudo para matá-lo enviando snipers quando desconfiavam de sua presença e também bombardeavam as posições onde ele poderia estar. As suas 505 mortes confirmadas foram atingidas em menos de 100 dias de combate, uma média de mais de 5 mortes por dia. No dia 06 de março de 1940, perto do fim da guerra de inverno, Hayaa se preparava para mais uma missão, o seu grupo foi atacado por um pelotão de soldados soviéticos, na troca de tiros foi atingido por um projétil explosivo do lado esquerdo do seu maxilar. Quando foi encontrado por seus companheiros estava inconsciente e metade do seu rosto não existia mais, ficou em coma por alguns dias, só recuperou os sentidos no dia 13 de março, data que a Finlândia se rendeu aos russos. Simo levou anos para se recuperar, passou o resto da vida criando cães e caçando alces no interior da Finlândia. Após a guerra procurou ficar longe dos holofotes, morreu em 2002 aos 96 anos.

Os Voluntários:  Vários voluntários, incluindo Christopher Lee que mais tarde se transformaria em um grande ator de cinema viajaram para a Finlândia e entraram nas forças armadas finlandesas: 1010 dinamarqueses, 895 noruegueses, 346 finlandeses expatriados, e 210 voluntários de outras nacionalidades conseguiram chegar à Finlândia antes que a guerra terminasse. O mundo exprimiu um grande apoio à causa finlandesa. A Segunda Guerra Mundial não tinha realmente ainda começado e era vista pelo público como uma Guerra Falsa; nesta altura a Guerra de Inverno era a única luta real ao lado da invasão alemã e soviética da Polônia, e por isso um maior foco do interesse mundial. A agressão soviética era geralmente vista como totalmente injustificada. Várias organizações estrangeiras enviaram material de ajuda, tais como medicamentos. Vários imigrantes finlandeses nos Estados Unidos e no Canadá voltaram para casa. 

A Suécia, que se tinha declarado como não-beligerante em vez de país neutro (como na guerra entre a Alemanha Nazi e as Potências Ocidentais) contribuiu com materiais militares, dinheiro, créditos, e ajuda humanitária. Talvez a acão mais significante tenha sido a Força Aérea Voluntária Sueca, em ação desde 7 de janeiro de 1940, com 12 caças, 5 bombardeiros, e outros 8 aviões, sendo um terço da força aérea sueca naquela altura. Pilotos e mecânicos voluntários tinham sido chamados. O aviador de renome Conde Carl Gustav von Rosen, parente de Hermann Göring, voluntariou-se independentemente. O Corpo Voluntário Sueco foi enviado para a Finlândia com 8.400 homens, começou a render cinco batalhões finlandeses em Märkäjärvi em fevereiro. Juntamente com os três batalhões finlandeses que ficaram, os corpos prepararam-se para um ataque de duas divisões soviéticas em março, 33 homens morreram na ação, entre eles o comandante da primeira unidade rendida, o Tenente-Coronel Magnus Dyrssen. O próprio Benito Mussolini decidiu ajudar a Finlândia, enviou cerca de 100 mil rifles e 35 caças Fiat G.50, que só não chegaram a tempo porque os alemães proibiram o trânsito de material militar para a Finlândia sobre o seu território e sobre o território polonês ocupado. A França também enviou milhares de rifles, munição, e alguns aviões Morane-Saulnier M.S.406. Os britânicos por sua vez venderam a prazo algumas dúzias de caças Gloster Gladiator.

Os momentos finais - Pelo final de fevereiro, os finlandeses tinham consumido os seus fornecimentos de munições. Adicionalmente a União Soviética tinha finalmente sido bem-sucedida em quebrar a Linha Mannerheim, anteriormente impenetrável. Tinha-se tornado claro que os russos já estavam suficientemente fartos da situação, e a Finlândia deveria negociar com a União Soviética. As baixas russas tinham sido enormes e a situação era fonte de um embaraço político para o regime soviético. Com a primavera a chegar, as forças russas viam-se a ficar paralisadas nas florestas, e um esboço de acordo de paz foi apresentado à Finlândia em 12 de fevereiro. Não só os alemães estavam à espera do fim da guerra, mas também os suecos, que temiam o colapso da Finlândia. Enquanto o gabinete finlandês hesitava em face às duras condições, o rei sueco Gustaf V fez um anúncio público, no qual confirmava que tinha recusado o pedido finlandês de apoio de tropas regulares suecas. Finalmente a 29 de fevereiro de 1940, o governo finlandês tinha concordado em começar as negociações. A 5 de março, o exército soviético tinha avançado de 10 a 15 quilômetros na Linha Mannerheim e tinha entrado nos subúrbios de Viipuri.

Foi uma enorme carnificina, mas os russos encerrariam a Guerra de Inverno em 12 de março de 1940, mas ao custo de uma grande vergonha, isso provocou em Hitler (o suposto aliado dos russos) a certeza de que o exército russo era fraco e despreparado e que seria incapaz de resistir a uma rápida invasão do Exército Alemão. A Guerra durou quase quatro meses (30 novembro de 1939 a 13 de março de 1940). A guerra tinha temperaturas extremamente baixas, entre 20 e 40 graus negativos. Foi um desastre para a União Soviética - Ambos os lados perderam e ganharam na guerra. A União Soviética fez um acordo com os finlandeses, 10% do território cedido aos russos incluindo 20% da capacidade industrial. Os finlandeses conseguiram manter a sua soberania e se mantiveram independentes, a União Soviética não conseguiu cumprir com os seus objetivos de conquistar a Finlândia inteira. Ela foi expulsa da Liga das Nações e vista com maus olhos pelo mundo. O motivo dos soviéticos não terem vencido tão facilmente, como previam, deve-se por um lado aos expurgos de 1937 no comando do Exército Vermelho e à falta de espírito de luta dos atacantes, e por outro lado ao êxito da resistência finlandesa, liderada pelo marechal Carl Gustaf Emil Mannerheim. 

Os soviéticos tiveram 170 mil mortos e 190 mil feridos, praticamente quase a metade do contingente enviado para a campanha. A resistência finlandesa frustrou as forças soviéticas, que eram em maior número (3 soviéticos para 1 finlandês). A Guerra de Inverno foi um desastre militar para a União Soviética. Contudo, Stálin aprendeu com este fiasco e compreendeu que o controle sobre o Exército Vermelho já não era possível. Após a Guerra de Inverno, o Kremlin iniciou o processo de reinstaurar oficiais qualificados e de modernizar as suas forças, uma decisão que viria a permitir que os soviéticos resistissem à invasão alemã. O resultado da guerra foi misto. Embora as forças soviéticas finalmente tivessem conseguido atravessar a defesa finlandesa, nenhum lado, quer a União Soviética ou a Finlândia, emergiu do conflito vitorioso. As perdas soviéticas na frente de combate foram tremendas, e a posição internacional do país sofreu.

O Armistício - O tratado de paz de 12 de março de 1940 impediu as preparações franco-britânicas de envio de apoio para a Finlândia através do norte da Escandinávia (a campanha Aliada na Noruega) que impediria também o acesso alemão às minas de ferro no norte da Suécia. A invasão pela Alemanha Nazista da Dinamarca e da Noruega a 9 de abril de 1940 (Operação Weserübung) desviou  a atenção do mundo para a luta pelo controle da Noruega. No Tratado de Paz de Moscou de 12 de março, a Finlândia foi forçada a ceder a parte finlandesa de Carélia. O território incluía a cidade de Viipuri (a segunda maior cidade do país), muito do território industrializado da Finlândia, e partes significantes ainda protegidas pelo exército finlandês. Cerca de 442.000 carelianos, 12% da população da Finlândia, perderam as suas casas. Militares e civis foram rapidamente evacuados devido aos termos do tratado, e apenas alguns civis escolheram ficar sob a governação soviética. A Finlândia teve também de ceder uma parte da área de Salla, península de Kalastajansaarento no mar de Barents e quatro ilhas no golfo da Finlândia. A península de Hanko foi também emprestada à União Soviética como uma base militar por 30 anos. Os termos de paz foram duros para a Finlândia, ainda mais porque os soviéticos receberam a cidade de Viipuri, além das suas exigências pré-guerra. Nem a simpatia por parte da Liga das Nações, aliados ocidentais e dos suecos em particular parece ter sido de grande ajuda aos finlandeses.

Apenas em 1941, um ano mais tarde, a guerra entre finlandeses e soviéticos continuaria. o Exército Alemão invadiu a União Soviética e os finlandeses se aliaram aos alemães na Guerra da Continuação, mas esse já é um assunto para  outro podcast.



Simo Hayaa - O maior atirador de elite de todos os tempos







Simo Hayaa após a sua recuperação




Prisioneiros soviéticos




Vala do massacre de Katyn


Simo Hayaa curtindo a sua aposentadoria


Soldado finlandês com Coquetel Molotov

Perdas  Soviéticas:

167 976 mortos ou desaparecidos

207 538 feridos

5 572 capturados

Quase 3 000 tanques perdidos

515 aeronaves perdidas

                                                                                          


Perdas Finlandesas:

25 904 mortos

43 557 feridos

800 – 1 100 capturados

30 tanques perdidos

62 aeronaves perdidas

 


Desfecho

Tratado de Paz de Moscou

Independência da Finlândia mantida

 

Líderes e comandantes Finlandeses

Kyösti Kallio

Risto Ryti

Marechal Carl Mannerheim

 

Líderes e comandantes soviéticos

Josef Stálin

Kirill Meretskov

Kliment Vorochilov

Semyon Timoshenko

 

Referências:

Filme:

Talvisota - 1990 - Concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro



 








Livros em português:

Guerra da Finlândia - Inverno de Sangue - Coleção História Ilustrada da Segunda Guerra Mundial - 1975 -  Onde comprar: Estante Virtual











1939 - Finlândia contra URSS: guerra na neve. Volume 3 - Coleção 70º  Aniversário da Segunda Guerra Mundial. Editora Abril - 2009 - Onde comprar: Amazon

Vídeo Documentário no youtube sobre a Guerra de Inverno - https://www.youtube.com/watch?v=eqHANlJFiw8

 

domingo, 7 de junho de 2020

DIA D - O MAIS LONGO DOS DIAS - 6 DE JUNHO DE 1944

No dia 06 de junho de 2020 comemorou-se os 76 anos do Dia D. Escrevi esse artigo especial sobre a Batalha da Normandia para compartilhar com os meus leitores. O meu amigo e companheiro de gravação de podcast Vitor Hugo Crespo também produziu um episódio super interessante sobre o Dia D. Você pode acompanhar pelo link do Frontcast (O seu podcast sobre história militar).




No vocabulário militar, o Dia D (do inglês D-Day) é um termo utilizado frequentemente para denotar o dia em que um ataque ou uma operação de combate devem ser iniciados. É mais conhecido pelos desembarques da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial. A expressão Dia D (D-Day) apareceu pela primeira vez nas ordens de batalha do Exército dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial. A utilização de um nome em código para o dia de início de uma operação arriscada, em sua fase de planejamento, leva em consideração que várias medidas devem ser tomadas antes e após o início dos combates e que devem ser organizadas em função da data e hora precisas da operação. Entretanto, tendo-se em vista que vários fatores podem alterar o dia de início de qualquer operação militar, seria impossível e até mesmo inseguro fazer circular vários documentos contendo a data específica. Assim o planejamento é estruturado marcando-se o Dia (D), Hora (H) e minuto (M) do começo da ação.

O Dia D - mais famoso da história militar foi 6 de Junho de 1944 - o dia em que a Batalha da Normandia começou - iniciando a libertação do continente Europeu da ocupação Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. A Batalha da Normandia, cujo nome de código era Operação Overlord, foi a invasão das forças dos Estados Unidos, Reino Unido, França Livre e aliados na França ocupada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial em 1944. Foi uma decisão política para manter a liberdade na Europa, ocorrida depois da derrota alemã para o Exército Vermelho, na famosa Batalha de Stalingrado. Setenta e seis anos mais tarde, a invasão da Normandia continua sendo a maior invasão marítima da história, com quase três milhões de soldados a terem cruzado o Canal da Mancha, partindo de vários portos e campos de aviação na Inglaterra, com destino à Normandia, na França ocupada.

Os primeiros planos da invasão aliada a França começaram a ser discutidos num encontro de Winston Churchill com o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt em Casablanca, em Janeiro de 1943. Neste encontro, chegaram à conclusão que ainda não havia condições para um desembarque na França, mas ficou decidido que o tenente-general inglês Frederick Morgan seria encarregado da elaboração de um plano de assalto detalhado. Em Agosto de 1943, numa nova conferência de líderes aliados no Quebec, Morgan apresentou o plano de invasão da Normandia: um documento com o nome de código de Operação Overlord, que previa um desembarque em maio de 1944. Em dezembro de 1943, o general norte-americano Dwight D. Eisenhower foi nomeado comandante supremo da Força Expedicionária Aliada. Ficou também definido que a frente de desembarque teria mais de 80 quilômetros e que o ataque seria feito entre Cherbourg e a foz do rio Sena. Os múltiplos contratempos da operação ditaram que fosse adiada para junho, uma vez que os aliados precisavam de mais tempo para construir mais lanchas de desembarque.

 A invasão da Normandia começou com a chegada de paraquedistas na noite anterior, com maciços bombardeios aéreos e navais, bem como com um assalto anfíbio bem cedo, de manhã. Os exércitos, divididos com suas tarefas, tinham, como objetivo, as praias de codinome Omaha e Utah para os americanos; e Juno, Gold e Sword para os anglo-canadenses. Do mar, 1240 navios de guerra abriram as baterias contra as linhas de defesa. Do céu, caíam toneladas de bombas dos dez mil aviões que participavam da operação. Naquela data, 155 mil homens dos exércitos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canadá lançaram-se nas praias da Normandia, região francesa situada nas costas do Canal da Mancha, dando início à liberação da Europa.

 As forças Aliadas que desembarcaram eram compostas por restos de divisões dos Estados Unidos da América, da Grã-Bretanha e do Canadá. Transportados por uma frota de 14 mil e 200 barcos, protegida por 600 navios e milhares de aviões, asseguraram uma sólida cabeça-de-ponte no litoral francês. De fato, o desembarque na Normandia foi crucial para o mundo livre, uma vez que os Aliados, diante dos insistentes pedidos de Josef Stálin, já esboçavam um desembarque maciço de tropas na Europa. Na língua comum, a expressão Dia D continua a ser usada para a data de começo da invasão, em 6 de Junho de 1944. A Alemanha, por iniciativa de Rommel, esperando o desembarque aliado, procurou defender-se através da chamada muralha do Atlântico. Rommel, com sua grande experiência militar, previra que o desembarque aliado ocorreria nas praias a noroeste da França, tornando assim essa batalha um verdadeiro inferno para os Aliados, que sofreriam pesadas baixas. 

Houve reforço de soldados alemães e equipamentos na praia de Omaha. O ataque das praias foi, com certeza, mais sangrento na praia de Omaha, entre as praias de Utah e Gold, onde os soldados tiveram que enfrentar minas, arames farpados, canhões franceses de 155 milímetros capturados pelos alemães, os famosos obstáculos chamados "porcos-espinhos" e tiros de metralhadoras MG42 alemãs. Para eles, já era um milagre não serem mortos quando a rampa dos barcos LCVP se abriam. Sem contar o peso da carga dos soldados, carregados de equipamentos, haviam fortes ventos e ondas enormes a enfrentar antes mesmo de chegarem em terra e que destruíram parte do equipamento bélico dos Aliados.

 Os alemães ficaram em desvantagem, entre outros motivos, pela incapacidade de prever a data da operação, e pela divergência quanto ao local do desembarque aliado. Rommel opinava que os Aliados escolheriam provavelmente a Normandia, mas Hitler estava convicto de que ela teria lugar mais ao norte, em Calais. Consumado o desembarque e a ruptura das defesas, os aliados ficaram com o caminho aberto para o coração da Europa ocupada e criaram a Segunda Frente. A operação no entanto continuou por mais de dois meses na Normandia, com as campanhas para conquistar e manter as posições dos aliados. A batalha da Normandia teve fim com a queda de Chambois e a Libertação de Paris pelos Aliados no dia 15 de agosto de 1944.

Países Beligerantes: 

Aliados: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França Livre, Polônia, Austrália, Bélgica, Nova Zelândia, Países Baixos,  Noruega, Checoslováquia e Grécia.

III Reich: Alemanha Nazista

Comandantes Aliados: Dwight D. Eisenhower (comandante supremo), Bernard Montgomery (forças terrestres), Bertram Ramsay (forças navais), Trafford Leigh-Mallory (força aérea)

Comandantes Alemães: Gerd von Rundstedt (OB WEST), Erwin Rommel (Heeresgruppe B),  Leo Geyr von Schweppenburg,  Friedrich Dollmann,  Hans von Salmuth, Wilhelm Falley.

Forças:

Aliados: Quase 3 milhões de pessoas.

Alemães: 640 mil homens. 

Baixas:

Aliados: 226.386 mortos, feridos ou capturados.

Alemães: 530.000 mortos, feridos ou capturados.

Civis: 39.000 mortos.

 

                                                                                                IMAGENS DA BATALHA

                                                    
















 

 REFERÊNCIAS


Filmes

O mais Longo dos Dias

O Resgate do Soldado Ryan

The Band Of Brothers - A melhor série sobre a Segunda Guerra Mundial.

 





 Livros:

As Espiãs do Dia D - Romance de Ken Follett

DIA D - A Batalha que salvou a Europa - Antony Beever (Considerado o melhor livro escrito sobre o Dia D).

The Steel Wave (A Onda de Aço) de Jeff Shaara em inglês - Considerado o melhor romance sobre o Dia D.

 




 

Links da Internet:

https://www.dday.org/  -  Página oficial do Memorial do Dia D.

https://www.warmuseum.ca/cwm/exhibitions/newspapers/operations/ddaynormandy_e.html- Página canadense sobre o Dia D. 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Hauptmann Egon Albrecht - O ás de combate brasileiro da Luftwaffe

     Hauptmann Egon Albrecht - O ás de combate brasileiro da Luftwaffe

Um dos grandes apelos feitos pela política racial de Hitler era que aquelas pessoas que fossem de descendência germânica e que vivessem fora de sua terra natal (Volksdeustche), não só poderiam como deveriam se juntar ao III Reich na luta para assegurar sua expansão. Como destino de um grande número de imigrantes desde o fim do século XIX, o Brasil possuía muitos alemães e seus descendentes que haviam se fixado aqui, principalmente nos estados do sul do país. E lá, a despeito do Brasil ter lutado ao lado dos Aliados durante a II Guerra Mundial, o chamado de Hitler ecoou com certo vigor e um dos vários jovens que retornaram à Europa para lutar na Wehrmacht, foi o brasileiro Egon Albrecht.

Egon Friedrich Kurt Albrecht nasceu na cidade de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil, em 19 de maio de 1918, filho de Frederico Albrecht e Hedwig Elditt Albrecht. Pouco se sabe de sua infância, da sua data de retorno à Alemanha ou mesmo onde aprendeu a pilotar aeronaves. Como fotos da época o mos tram utilizando uma insígnia da Juventude Hitlerista (HJ-Abzeichen), pode-se deduzir que ele provavelmente tenha retornado à Europa quando adolescente (você somente poderia ficar na Hitlerjugend até os 18 anos), onde teria tido suas primeiras lições de vôo planado.

Contudo, a mesma condecoração também agraciou os integrantes da “Auslands-HJ” (as Hitlerjugend no estrangeiro), isso significa que ele pode ter sido condecorado enquanto vivia no Brasil, já que o Partido Nacional-Socialista Brasileiro, organizado no sul do país, mesmo que não legalizado, era a maior seção do partido no exterior, perdendo apenas para o alemão em número de filiados. Mas essa hipótese não pode ser confirmada, uma vez que os arquivos referentes à Juventude Hitlerista foram destruídos durante a guerra.

O fato é que, após a conclusão de seu treinamento como piloto de caça, Albrecht foi designado para servir com o 6./ZG 1 (6º Staffel da Zers törergeschwader 1) então usando os caças pesados bimotores Messer schmitt Bf 110 no início de 1940. Com essa unidade - renomeada 9./ZG 76 em 26.06.1940 - ele participaria da Blitzkrieg contra a Holanda, Bélgica e França e, posteriormente, da Batalha da Inglaterra, efetuando principalmente missões de escolta de bombardeiros e ataque a alvos terrestres.

Em 24.04.1941 sua unidade foi novamente renomeada, desta vez, 6./SKG 210 (6º Staffel da Schnellkampf-geschwader), com a qual efetuaria uma série de missões durante a invasão da URSS. Atuando ao lado de ases como Rudolf "Rolf" Kaldrack e Wolfgang Schenck, entre outros, Albrecht participou principalmente de missões de ataque a alvos de infantaria e unidades terrestres soviéticas. Em 04.01.1942 seu esquadrão foi novamente rebatizado, agora como 6./ZG 1, mas ele permaneceria pouco tempo com esse grupo pois foi nomeado Staffelkapitän do 1./ZG 1 em 12.06.1942.

Condecorado com o Troféu de Honra da Luftwaffe em 21.09.1942 e, pouco depois, com a Cruz Germânica em Ouro (entregue em 21.12.1942), o Oberleutnant Egon Albrecht foi finalmente agraciado com a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro em 22 de maio de 1943, enquanto liderava o 9./ZG 76, quando somava 15 vitórias aéreas além da destruição, no solo, de 11 aeronaves, 162 veículos motorizados, 254 veículos diversos, três locomotivas, oito baterias antiaéreas, 12 canhões anti-tanque e oito posições de infantaria.

Em 09.10.1943, promovido a Hauptmann, Egon Albrecht tornou-se Gruppenkommandeur do II/ZG 1, sucedendo ao Hauptmann Karl-Heinrich Matern (Ritterkreuzträger com 12 vitórias, morto em ação em 08.10.1943) e, no mesmo mês, seu Gruppe foi transferido para a costa da França (Frente Ocidental), onde passaram a efetuar missões sobre a Baía de Biscaia.
Pouco depois, Egon Albrecht e sua unidade foram envia dos para Wels, na Áustria, onde passaram a atuar contra as incursões de bombardeiros quadrimotores e sua escolta de caças principalmente os P-51 Mustangs e P-47 Thunderbolts da 15ª Força Aérea americana, sediada na Itália.

Em julho de 1944, o II/ZG 1 retornou à Alemanha para passar por um treinamento de conversão para o caça monomotor Bf109, ocasião em que a unidade foi renomeada III/JG 76 (Gruppe III da Jagdgeschwader 76). Após rápido treinamento, Albrecht passou a liderar seu Gruppe contra as forças aliadas que haviam desembarcado na França.

Em 25 de agosto de 1944, durante uma missão de combate, Albrecht foi forçado a abandonar a formação devido a um problema no motor de seu avião (um Messersch t Bf 109G-14, werkenummer 460593, código "schwarz 21"). Enquanto retornava para sua base sozinho, seu avi ão foi atacado por caças norte-americanos - não se sabe qual a unidade específica - e foi abatido próximo a St. Claude, noroeste da cidade de Creil (França). Embora Albrecht tenha conseguido saltar de pára-quedas, ele chegou morto ao chão, onde seu corpo foi saqueado por civis. Ainda hoje especula-se se teria sido ferido em combate ou se foi metralhado pelos caças inimigos enquanto estava no pára-quedas, algo não incomum naqueles dias.

Único brasileiro a ser condecorado com a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro, o Hauptmann Egon Albrecht, quando de sua morte, havia abatido um total de 25 aeronaves inimigas, sendo 15 na frente russa e o restante na frente ocidental - incluindo seis bombardeiros quadrimotores durante a Defesa do Reich - além de outros 11 aviões destruídos no solo.