Hauptmann Egon Albrecht - O ás de combate brasileiro da Luftwaffe
Um dos grandes apelos feitos pela política racial de Hitler era que aquelas pessoas que fossem de descendência germânica e que vivessem fora de sua terra natal (Volksdeustche), não só poderiam como deveriam se juntar ao III Reich na luta para assegurar sua expansão. Como destino de um grande número de imigrantes desde o fim do século XIX, o Brasil possuía muitos alemães e seus descendentes que haviam se fixado aqui, principalmente nos estados do sul do país. E lá, a despeito do Brasil ter lutado ao lado dos Aliados durante a II Guerra Mundial, o chamado de Hitler ecoou com certo vigor e um dos vários jovens que retornaram à Europa para lutar na Wehrmacht, foi o brasileiro Egon Albrecht.
Egon Friedrich Kurt Albrecht nasceu na cidade de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil, em 19 de maio de 1918, filho de Frederico Albrecht e Hedwig Elditt Albrecht. Pouco se sabe de sua infância, da sua data de retorno à Alemanha ou mesmo onde aprendeu a pilotar aeronaves. Como fotos da época o mos tram utilizando uma insígnia da Juventude Hitlerista (HJ-Abzeichen), pode-se deduzir que ele provavelmente tenha retornado à Europa quando adolescente (você somente poderia ficar na Hitlerjugend até os 18 anos), onde teria tido suas primeiras lições de vôo planado.
Contudo, a mesma condecoração também agraciou os integrantes da “Auslands-HJ” (as Hitlerjugend no estrangeiro), isso significa que ele pode ter sido condecorado enquanto vivia no Brasil, já que o Partido Nacional-Socialista Brasileiro, organizado no sul do país, mesmo que não legalizado, era a maior seção do partido no exterior, perdendo apenas para o alemão em número de filiados. Mas essa hipótese não pode ser confirmada, uma vez que os arquivos referentes à Juventude Hitlerista foram destruídos durante a guerra.
O fato é que, após a conclusão de seu treinamento como piloto de caça, Albrecht foi designado para servir com o 6./ZG 1 (6º Staffel da Zers törergeschwader 1) então usando os caças pesados bimotores Messer schmitt Bf 110 no início de 1940. Com essa unidade - renomeada 9./ZG 76 em 26.06.1940 - ele participaria da Blitzkrieg contra a Holanda, Bélgica e França e, posteriormente, da Batalha da Inglaterra, efetuando principalmente missões de escolta de bombardeiros e ataque a alvos terrestres.
Em 24.04.1941 sua unidade foi novamente renomeada, desta vez, 6./SKG 210 (6º Staffel da Schnellkampf-geschwader), com a qual efetuaria uma série de missões durante a invasão da URSS. Atuando ao lado de ases como Rudolf "Rolf" Kaldrack e Wolfgang Schenck, entre outros, Albrecht participou principalmente de missões de ataque a alvos de infantaria e unidades terrestres soviéticas. Em 04.01.1942 seu esquadrão foi novamente rebatizado, agora como 6./ZG 1, mas ele permaneceria pouco tempo com esse grupo pois foi nomeado Staffelkapitän do 1./ZG 1 em 12.06.1942.
Condecorado com o Troféu de Honra da Luftwaffe em 21.09.1942 e, pouco depois, com a Cruz Germânica em Ouro (entregue em 21.12.1942), o Oberleutnant Egon Albrecht foi finalmente agraciado com a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro em 22 de maio de 1943, enquanto liderava o 9./ZG 76, quando somava 15 vitórias aéreas além da destruição, no solo, de 11 aeronaves, 162 veículos motorizados, 254 veículos diversos, três locomotivas, oito baterias antiaéreas, 12 canhões anti-tanque e oito posições de infantaria.
Em 09.10.1943, promovido a Hauptmann, Egon Albrecht tornou-se Gruppenkommandeur do II/ZG 1, sucedendo ao Hauptmann Karl-Heinrich Matern (Ritterkreuzträger com 12 vitórias, morto em ação em 08.10.1943) e, no mesmo mês, seu Gruppe foi transferido para a costa da França (Frente Ocidental), onde passaram a efetuar missões sobre a Baía de Biscaia.
Pouco depois, Egon Albrecht e sua unidade foram envia dos para Wels, na Áustria, onde passaram a atuar contra as incursões de bombardeiros quadrimotores e sua escolta de caças principalmente os P-51 Mustangs e P-47 Thunderbolts da 15ª Força Aérea americana, sediada na Itália.
Em julho de 1944, o II/ZG 1 retornou à Alemanha para passar por um treinamento de conversão para o caça monomotor Bf109, ocasião em que a unidade foi renomeada III/JG 76 (Gruppe III da Jagdgeschwader 76). Após rápido treinamento, Albrecht passou a liderar seu Gruppe contra as forças aliadas que haviam desembarcado na França.
Em 25 de agosto de 1944, durante uma missão de combate, Albrecht foi forçado a abandonar a formação devido a um problema no motor de seu avião (um Messersch t Bf 109G-14, werkenummer 460593, código "schwarz 21"). Enquanto retornava para sua base sozinho, seu avi ão foi atacado por caças norte-americanos - não se sabe qual a unidade específica - e foi abatido próximo a St. Claude, noroeste da cidade de Creil (França). Embora Albrecht tenha conseguido saltar de pára-quedas, ele chegou morto ao chão, onde seu corpo foi saqueado por civis. Ainda hoje especula-se se teria sido ferido em combate ou se foi metralhado pelos caças inimigos enquanto estava no pára-quedas, algo não incomum naqueles dias.
Único brasileiro a ser condecorado com a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro, o Hauptmann Egon Albrecht, quando de sua morte, havia abatido um total de 25 aeronaves inimigas, sendo 15 na frente russa e o restante na frente ocidental - incluindo seis bombardeiros quadrimotores durante a Defesa do Reich - além de outros 11 aviões destruídos no solo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário