Praias de Dunkerque - França, julho de 1940.
Tropas e embarcações estavam espalhadas pelas praias, soldados apavorados testemunhavam os combates terríveis que aconteciam no céu e na terra, as tropas alemãs da Wermacht haviam cercado os Exércitos britânico e francês. Havia incêndio por toda parte, dezenas de aviões espalhavam-se pelas nuvens em duelos mortais. Um caça Spitfire acabara de mergulhar em chamas até desaparecer nas águas do Canal da Mancha.
No desejo de vingar o caça inglês que acabara de cair, outro caça Spitfire da RAF cruzou o céu disparando rajadas contra dois caças alemães BF-109 da Luftwaffe. Um desses caças foi atingido e explodiu no ar, o outro continuou sendo perseguido pelo Spitfire. Por alguns segundos continuaram numa dança mortal, em loopings e ziguezagues incríveis, mas o piloto da RAF era espetacular e continuou perseguindo o seu inimigo até conseguir derrubá-lo.
O piloto não percebeu que havia seis caças alemães na sua traseira tentando derrubá-lo, ele estava sem munição, mesmo que conseguisse se virar para defender-se seria inútil. Ainda assim conseguiu realizar o feito, mergulhava dando rasantes nos inimigos, cada vez que ele passava por eles recebia uma rajada de metralhadora inimiga, o piloto tinha punhos de ferro e não se dava por vencido, o seu pássaro de aço suportava os golpes sem fraquejar.
Durante vários minutos continuou lutando contra seus inimigos que aumentavam cada vez mais, logo eram 12 caças BF- 109 contra um Spitfire. Os homens em terra não conseguiam conter tamanha euforia e gritavam de alegria torcendo pelo Spitfire, os alemães não conseguiam derrubar aquele formidável piloto, ele voava numa velocidade incrível, algumas vezes a baixa altitude, quase abraçando o mar.
Em questão de segundos a aeronave inglesa foi cravejada de balas e invadida pelas chamas. Enquanto a morte o levava, o piloto visualizou na carlinga a imagem de uma mulher... Ela era muito bem feita de ombros, seus lábios eram carnudos e viçosos; os longos cabelos pretos perdiam-se na cor do vestido, os olhos da cor de esmeralda exalavam uma luz embriagadora que produziam lágrimas quentes que caiam sobre as carnes brancas e trêmulas de seus seios. O coração do jovem aviador era como um barril de lágrimas que explodiu pelos seus olhos azuis: pois o grande amor de sua vida, a mulher ao qual ele amou e sonhou, jamais poderia ser sua novamente...
O avião não conseguiu mais suportar e despedaçou-se espalhando destroços no mar. O piloto daquele avião era o tenente Richard de Burdêau...
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